27 março 2013

Búfalo - Clarice Lispector

O conto Búfalo apresenta uma personagem que, rejeitada pelo homem que ama, vai ao zoológico; ela busca odiar aquele que a feriu.
Acreditando que a aprendizagem do ódio se daria por meio da observação de como os animais se relacionam, já que, da mesma forma que o amor, o ódio é vivenciado e aprendido na convivência com outros seres ocorre o contrário; a negação do ódio fica clara nas cenas de cumplicidade entre os animais, conforme o que vai ocorrendo. “Até o leão lambeu a testa da leoa” “Mas isso é amor, é amor de novo”; “Com a tola inocência do que é grande e leve e sem culpa” “A macaca com olhar resignado de amor, e a outra macaca dando de mamar”; “Ao elefante fora dado com uma simples pata esmagar. Mas não esmagava, potência que se deixaria conduzir docilmente a um circo”. Onde estaria o bicho que lhe daria o sentimento que procurava?
Ainda procurando o animal e o ódio. Encontrou o búfalo, que a espiava ao longe. Ele era negro e seus cornos muito alvos. A mulher ficou desconfiada, parecia que o búfalo a olhava. Ela desviou os olhos, o seu coração batia descompassado.
Começou a provocá-lo, gritando e jogando-lhe pedras. O animal agora lhe parecia mais negro e maior.
O ódio começava a entrar dentro dela; o búfalo voltou-se para ela e encarou-a de longe.
Como a mulher não recuava um só passo, os seus olhos e os do animal fitaram-se diretamente. 
Presa, enquanto escorregava enfeitiçada ao longo das grades; em tão lenta vertigem antes que o corpo desabasse a mulher viu o céu inteiro e um búfalo.

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